domingo, 8 de dezembro de 2013

Ruína das Certezas: Negar a fórmula, viver a vida.

Ruína das Certezas: Negar a fórmula, viver a vida.: Uma formula pressupõe repetição, portanto, se você segue uma fórmula de viver, você não vive... os instantes de vida, inéditos, irr...

Negar a fórmula, viver a vida.







Uma formula pressupõe repetição, portanto, se você segue uma fórmula de viver, você não vive... os instantes de vida, inéditos, irrepetíveis, no tempo em que o mundo acontece, no aqui e agora.
Inexoravelmente, o homem, epistemologicamente pensando, desde os gregos, a partir dos Pós Socráticos, recorre a formulas de viver, a formular concepções de vida boa, a códigos morais e perspectivas de um mundo ideal. Quais as implicações desse modo de estrutura de pensamento? no meu ponto de vista, e reforçando que ninguém é obrigado a concordar comigo, pois nunca fora essa minha intensão, e não tenho a pretensão de emanar nenhuma verdade, nenhuma lógica, nenhuma razão, nenhuma ideologia a ser compreendida. Embora, eu embase minha retórica em teóricos que comungo, numa retórica que se quer tem vontade de persuadir alguém; apenas de anunciar, de espalhar, tal fragrância para os sensíveis aos aromas da dúvida, para provocar um questionamento, para uma desconstrução dos fatos vigentes do status quo, e de uma ciência dogmática e escrava de vaidade intelectual, que não se dispõe a descer do pedestal dos ídolos. Pois bem, no meu ponto de vista, o homem recorre ao idealismo: religioso, filosófico, político, e etc e tal. De tal modo que teme perder as referências, pois precisa de moletas, de formulas prontas, de alguém para lhe indicar os caminhos, de uma ordem, de valores superiores, pra se agarrar e cunhar sua personalidade e perspectiva de mundo. Para efeito disso, nega-se a vida como ela é, com seus afetos, encontros e pulsões, que indicam o modo idiossincrásico de ser. Um conceito de niilismo ao contrário do senso comum, que compreende niilismo como a negação de valores superiores. No entanto, no sentido Nietzschiano de pensar, é todo aquele que nega o mundo real em prol dum mundo ideal, de verdades absolutas, de ideologias materialistas, de valores morais advindos da estrutura racionalista, por exemplo: metafísica teológico, ideologia marxista, fundamentos Kantianos, mais atuais como a "qualidade de vida" do marketing, ou seja, de critérios impostos que transcendem o homem, a vida natural, o homem autônomo. Todo tipo de tirania que postula um estilo de vida a ser seguido. De tal maneira que se perde contato consigo mesmo, te tornas mero joguete de forças extrínsecas a você. Diante disso, é imprescindível martelar todo tipo de ídolos e ideologias, para desvelar-se e viver uma vida conforme sua própria vontade, de potência, de vida na vida, como ela é, no tempo que ela existe, ou seja, no aqui e agora, atômico. 

domingo, 17 de novembro de 2013

"A vida verdadeira do ser humano é o caminho no qual ele se desfaz das mentiras que lhe foram impostas pelos outros. Desprovido das roupas, nu, ao natural, ele é aquilo que é. Trata-se aqui de ser e não de vir a ser. 

A mentira não pode transformar-se na verdade, a personalidade não pode transformar-se na sua alma. Não existe maneira de transformar o não-essencial em essencial. O não-essencial permanece não-essencial e o essencial permanece essencial -- eles não são conversíveis. Esforçar-se pela verdade só vai criar mais confusão. A verdade não precisa ser conquistada. Ela não pode ser conquistada, pois já está aí. Apenas a mentira é que precisa ser descartada.

TODOS OS ANSEIOS, PROPÓSITOS, IDEAIS E METAS, TODAS AS IDEOLOGIAS, RELIGIÕES E SISTEMAS DE APERFEIÇOAMENTO, DE MELHORAMENTO, SÃO MENTIRAS.

Cuidado com tudo isso. Reconheça o fato de que do jeito como você é agora, você é uma mentira, resultado de manipulação, produzido pelos outros. A busca da verdade é de fato uma distração e um adiamento. É a fórmula encontrada pela mentira para disfarçar-se. Olhe a mentira de frente, examine a fundo a falsidade que é a sua personalidade. Pois encarar a mentira é parar de mentir. Deixar de mentir é desistir de buscar alguma verdade -- não há necessidade disso. No momento em que a mentira desaparece, ali está a verdade em toda a sua beleza e esplendor. Encarando-se a mentira ela desaparece e o que fica é a verdade."

Osho This Very Body The Buddha Chapter 6

sábado, 16 de novembro de 2013

RUÍNA

RUÍNA
por manoel de BARROS

Um monge descabelado me disse no caminho: eu queria construir uma ruína. Embora eu saiba que ruína é uma desconstrução. Minha idéia era de fazer alguma coisa ao jeito de tapera. Alguma coisa que servisse para abrigar o abandono, como as taperas abrigam. Porque o abandono pode não ser apenas de um homem debaixo da ponte, mas pode ser também de um gato no beco ou de uma criança presa num cubículo. O abandono pode ser também de uma expressão que tenha entrado pro arcaíco ou mesmo de uma palavra. Uma palavra que esteja sem ninguém dentro. (O olho do monge estava perto de ser um canto.)

Continuou: a palavra amor está quase vazia. Não tem gente dentro dela. Queria construir uma ruína para a palavra amor. Talvez ela renascesse das ruínas, como um lírio pode nascer de um montouro*.

E o monge se calou descabelado.